Nossas lendas, nossas histórias

As lendas fazem parte do imaginário cuiabano. Confira algumas das mais populares.


A alavanca de ouro da Igreja do Rosário e São Benedito



Em 1719, Pascoal Moreira Cabral assinava a ata de fundação do lugarejo levantado às margens do Rio Cuiabá e posteriormente, aglomerado no córrego da Prainha.

Nas mesmas imediações, finalizada em 1725, a Igreja do Rosário e São Benedito foi construída por escravos que se refugiavam nela para o descanso e as preces dos momentos difíceis de trabalho e exploração.

Os mais antigos contam que na época, escavando pela região, os escravos descobriram uma pepita tão grande que nunca era possível retirá-la do barro, que ficava abaixo da igreja.

Dona Juracy Maria de Souza, de 66 anos, conta ouviu a história da alavanca de ouro da Igreja do Rosário da boca de sua mãe, dona Emília: "Foi uma história que me marcou muito. A gente acredita que muita gente morreu ali, por isso até falam que a igreja é assombrada", conta dona Juracy.

Ela ainda relata que na época em que Cuiabá estava sendo asfaltada e o córrego da Prainha ainda não tinha sido encoberto, era possível ver pequenos pedregulhos de ouro escorrendo pela avenida com as águas das chuvas. "Falavam que era pedaços da bola de ouro que tem embaixo da igreja, depois de tanto tempo ela deveria estar desmanchando", conta dona Juracy.


O ouro que escorria pela Prainha na década de 50 e 60, quando Cuiabá estava sendo asfaltada aos pouco, era ouro de aluvião, conta historiadora Maria Estela Amorim: "O ouro de aluvião é aquele já sem valor comercial, pois já se mistura a terra, ao barro e se dissolve", explica.

"Cuiabá é uma cidade que foi inicialmente movida pela extração de ouro. No início, na região que foi chamada de Arraial da Forquilha, e após encontrarem ouro às margens da Prainha, toda a concentração foi para lá. Foram ali as minas de Miguel Sutil, e ali a Vila Real do Bom Jesus se fez", lembra Maria Estela. 

Ouça a lenda da alavanca de ouro e outras histórias no podcast abaixo.


Negrinho d'água

A lenda do Negrinho d'água é muito popular na baixada cuiabana, principalmente na região ribeirinha. Segundo relatos, o Negrinho d'água seria um ser misto entre humano e peixe, que vive nas águas dos rios de Cuiabá.

Sua primeira aparição teria sido em 1906, durante a revolução civil. Desde então, ele é conhecido por fazer travessuras com aqueles que frequentam os rios, principalmente com os pescadores.

Segundo seu Felipe Santiago, pescador e morador da comunidade ribeirinha da Passagem da Conceição, o Negrinho d'água sempre aparecia por lá, principalmente nas épocas de cheia do rio, e vivia fazendo graça com os pescadores.

Você quer saber mais sobre essa lenda ribeirinha? Confira abaixo!



Minhocão do Pari

Esta lenda é muito conhecida pelos mais antigos de Cuiabá, principalmente por quem é morador próximo do Rio Pari. O Minhocão é uma enorme serpente que assusta pescadores, podendo sua força virar barcos, e destruir as margens do rio por onde passa.

Dizem que a cobra devora aqueles que poluem o rio, mas há varias versões da história. Alguns insistem que um pescador atravessou o rio pisando na serpente, outros juram que ela está presa no fio de cabelo de Nossa Senhora na Igreja Matriz da capital. Há aqueles que acreditam que o bicho foi levado rio abaixo por causa da enchente que aconteceu no ano de 1974.

O Minhocão não tem uma cor definida, descrevem apenas como uma enorme cobra, em que muitos alegam ser uma Sucuri, que pode chegar a mais de 6 metros de comprimento. Dizem que ela mora no Rio Pari, mas anda por todo rio que banha a baixada cuiabana.

Confira abaixo.

Tibanaré

O Tibanaré é uma lenda que circula entre os cuiabanos desde o século 1920. Descrito às vezes como um velho pedinte, outras como um pássaro mágico ou ainda como uma espécie de transmorfo, alternando entre as duas formas. A marca do Tibanaré é seu assobio tênue que ecoa pelas ruas de Cuiabá ao anoitecer.  Ouça abaixo.

Tibanaré também é o nome do grupo de teatro que encenou as lendas cuiabanas pelas ruas do Centro Histórico. Vem conhecer!

A noiva de branco

Era uma de noite sexta-feira, dia de bailes tradicionais. Um rapaz de vinte e poucos anos simpático e bem apessoado saiu de casa decidido a divertir-se como nunca.

Ao chegar ao baile, de longe viu uma moça vestindo uma roupa branca que a deixava linda. Seu coração faltava sair pela boca. Enquanto a moça dançava num lugar pouco iluminado, o jovem foi se aproximando. A pequena multidão de pessoas o empurrava para lá e para cá. Ele não desistiu. Finalmente conseguiu chegar perto.

Ao seu toque o rapaz percebeu que estavam em sintonia. Dançaram a noite toda. A música acabou e o casal recém-formado saiu para dar uma volta na praça ali perto.

Os apaixonados conversam e brincavam quando ela perguntou preocupada: "Que horas são?".

- Vinte pras doze! - Ele respondeu

- Tenho que ir. - Apressou ela.

- Eu te levo. - Respondeu o bom moço.

No caminho, a alegria da moça de branco havia se transformado em tristeza. Não trocaram uma palavra.

Ao se aproximarem do famoso Cemitério da Piedade, no Centro Norte de Cuiabá, moça encerrou: "Chegamos".

Após o beijo de despedida, a moça entrou no cemitério, deixando-o abismado com o episódio. Naquela noite o rapaz não conseguiu dormir. Então, logo pela manhã, voltou ao cemitério em busca de algum vestígio. Procurou moradia onde poderia encontra-la, mas sem sucesso. Estava rodeado de sepulturas.

Debaixo de uma fina chuva, o rapaz chegou a uma sepultura diferente das outras. Ele viu a foto de identificação e reconheceu nela o rosto da moça de branco. Morta há anos. Medo e saudade tomaram conta do seu corpo.

A lenda da Noiva de Branco tem como os bailes do centro da capital. Dizem que a bela moça morreu antes de realizar o sonho de se casar. Inconformada com isso, vagueia por entre as festas, mas sempre termina a noite naquele que é o seu destino: o Cemitério da Piedade.

Cemitério da Piedade, o mais antigo de Cuiabá, é cenário para a lenda da Noiva de Branco.
Cemitério da Piedade, o mais antigo de Cuiabá, é cenário para a lenda da Noiva de Branco.
Cuiabá 300 / 2019 | Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora